sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Preparação do Goleiro no Futsal




ASPECTO TÉCNICO DO TREINAMENTO DO GOLEIRO DE FUTSAL

1. POSICIONAMENTO
No futsal o posicionamento do goleiro representa no mínimo 60% dos requisitos para que o atleta seja um bom goleiro. A segurança no posicionamento é o reflexo do aprimoramento da noção espacial em relação à meta defendida. Essa noção espacial se desenvolve via a orientação e o treinamento específico prescrito pelo profissional da área, o que pode diminuir significativamente os índices de gols falhos, tidos como defensáveis. A respeito do posicionamento do goleiro, é importante mencionar que:
a) o goleiro deve ficar sempre de frente para a bola;
b) o goleiro deve se posicionar no meio do gol em relação às balizas e a bola;
c) em chute lateral, o ângulo em relação à baliza de referência (baliza de fora em relação ao chute) deve ser bem fechado;
d) em chute frontal, o ângulo do adversário deve ser diminuído com o avanço imediato do goleiro;
e) em escanteios, junto à baliza de referência, deve posicionar o atleta da “base” e orientá-lo para que a bola não passe entre as suas pernas;
f) nas faltas, ele deve estar atento as seguintes situações:
- próximas à área, se posiciona perto da barreira e orienta o “base”;
- média distância, se posiciona fechando o ângulo e orienta o “base” e o “sobra” a respeito do posicionamento dos adversários;
- longa distância, fica mais adiantado em relação à sua meta e orienta a marcação.

2. REBOTES e DESVIOS
Um goleiro bem posicionado poderá desviar a bola para diversas direções, o que evita que se leve um gol por imprudência técnica. Na verdade, é inadmissível que a equipe adversária faça um gol proveniente de um rebote mal planejado ou por um desvio impróprio do goleiro. Para tanto, o goleiro deve ficar atento à três situações que acontecem com freqüência durante o jogo.
a) Chute Frontal: o posicionamento do goleiro adiantado em sua meta, facilita o desvio da bola para cima ou para trás, para o seu lado direito ou esquerdo, visando sempre transferir a bola na direção da linha de fundo;
b) Chute Lateral: o posicionamento do goleiro na linha de sua baliza de referência irá facilitar o desvio da bola para cima ou para fora da quadra em relação à linha de fundo;
c) Rebotes para frente: recomenda-se que o rebote efetuado para frente seja feito para o alto, com força para que a bola possa ser transferida o mais longe possível da meta defendida, o que possibilita o retorno da marcação.

3. PEGADAS
A pegada é um fundamento técnico que inicia com um bom posicionamento do goleiro e que da segurança à sua equipe durante o jogo, além de criar várias oportunidades de puxar contra-ataques – esse tido como um dos meios mais eficazes de se fazer gol. Nesse sentido, o goleiro deve estar atento às seguintes situações:
a) na movimentação do adversário que tem a posse da bola e na trajetória da mesma em relação ao seu corpo e à sua meta defendida;
b) atento ao potencial de finalização da equipe adversária antes do início do jogo – quem coloca a bola, quem chuta forte, etc;
c) no piso da quadra adversária para não ser surpreendido com imprevistos – piso escorregadio, piso que prende, piso defeituoso, etc;
Para facilitar o trabalho da técnica da pegada pelo goleiro, divide-se esse movimento defensivo em três ponto básicos:
1) chute alto – a técnica segura requer que as mãos estejam formando um triângulo (indicadores e dedões) para que a bola não deslize no contato com os dedos;
2) chute médio – a bola é encaixada na altura do peito ou no abdômen com uma semi-flexão dos joelhos para garantir o equilíbrio na defesa;
3) chute baixo – a bola pode ser defendida com semi-flexão dos joelhos ou com o afastamento das pernas lateralmente, o que requer flexibilidade e a correta utilização das mãos na defesa (formato de uma concha).

4. LANÇAMENTO COM A MÃO
O lançamento com a mão é um fundamento que requer além de muita atenção, uma técnica apurada. O lançamento perfeito é um resultado da técnica, força e precisão; por isso, requer muito treinamento para se chegar ao alto nível. Toda bola que tem a procedência do goleiro, não pode acarretar um contra-ataque à equipe adversária. Para tanto, o goleiro deve dominar alguns itens tidos como primordiais à qualificação desse fundamento.
a) leitura de jogo: saber ler o sistema defensivo da equipe adversária para melhor tirar proveito em suas investidas;
b) visão de jogo: saber orientar a movimentação de seus colegas para levar vantagem sobre os pontos fracos observados;
c) domínio da técnica: utilizar da melhor maneira possível a técnica do lançamento para poder servir seus colegas com qualidade;
Para melhor trabalhar a técnica do lançamento nos atletas, nós dividimos esse fundamento em 4 tipos básicos:
1) lançamento baixo: busca-se um lançamento rasteiro e sem efeito, objetivando facilitar domínio sob pressão do marcador e ou tabelas rápidas. O lançamento baixo deve ser feito sempre no lado oposto do posicionamento do seu marcado – exige atenção pelo goleiro;
2) lançamento alto: deve ser efetuado preferencialmente na altura do peito do colega, o que facilita o domínio e a finta de corpo mediante a abordagem do marcador, deve-se observar o posicionamento do adversário para evitar antecipações, devendo o lançamento ser feito sem efeito – exige precisão e visão de jogo;
3) lançamento à gol: é o lançamento forte, que busca o desvio de cabeça do seu colega posicionado dentro ou na frente da área adversária. Esse lançamento geralmente é utilizado em quadras pequenas, requer muita força e precisão por parte do goleiro e domínio da técnica do cabeceio pelo colega – exige força, precisão e leitura de jogo;
4) lançamento de contra-ataque: visa lançar a bola no espaço vazio no setor ofensivo para que o seu companheiro que se movimenta em velocidade, possa dominar a bola arremessada sem muita dificuldade - exige controle da força e precisão no ponto futuro da quadra onde o seu colega a dominará.
5. LANÇAMENTO COM O PÉ
O lançamento com o pé requer muito treinamento para que a técnica seja apurada. A precisão da bola lançada é fundamental, pois não pode gerar a possibilidade de um contra-ataque à equipe adversária. Para tanto, o goleiro deve ter domínio sobre algumas situações que acontecem no jogo:
a) leitura de jogo – conhecer as qualidades do goleiro e defensores adversários para poder utilizar com melhor maestria esse fundamento durante o jogo;
b) visão de jogo – saber orientar a movimentação de seus colegas diante dos pontos tidos como vulneráveis no sistema defensivo da equipe adversária;
domínio da técnica – aumenta a possibilidade de um melhor aproveitamento desse fundamento durante o jogo. Para o desenvolvimento desse fundamento técnico, dividimos o lançamento com o pé em três tipos básicos:
1) lançamento em parabólica: caracteriza-se pelo ato de lançar a bola ofensivamente com efeito prévio, em curva do meio para fora, procurando evitar uma possível antecipação do goleiro adversário – muito usado em quadras maiores;
2) lançamento com peito do pé: caracteriza-se pelo ato de lançar a bola ofensivamente sem efeito, com força e em linha reta, objetivando uma finalização de cabeça pelo colega que se encontra nas proximidades da área adversária ou uma jogada de ataque mais veloz – muito usado em quadras pequenas;
3) lançamento de cavada ou gancho: caracteriza-se pelo ato de lançar a bola no espaço vazio para armar um ataque com precisão – muito usado quando o goleiro sai para jogar com os pés no setor ofensivo.

6. CHUTE
O goleiro pode, em determinados momentos do jogo, tornar-se um quinto atleta de quadra, o que exige qualidade de passe e um chute efetivo durante as suas investidas. Toda e qualquer investida do goleiro deixa a sua meta desguarnecida, evidenciando uma maior importância a respeito do apuramento da técnica para que qualquer incidência de erro seja minimizada. São nessas ocasiões que a maioria dos jogos se decidem. Para tanto, visando uma melhor preparação técnica desse atleta, a técnica do chute foi dividida em 3 tipos:
1) chute à gol – caracterizando-se pela ação do goleiro em chutar a bola na direção do gol adversário com o intento de fazer o gol, de forma direta ou sob desvio, podendo ser efetuado com o “peito” do pé ou de “bico” – chute do meio da quadra ou no ataque;
2) chute baixo – caracteriza-se pela ação do goleiro em chutar a bola rasteira na direção do colega que se posiciona nas proximidades das balizas do goleiro adversário, com o intuito de que ele possa desviá-la para o gol (parte do princípio de que o goleiro se adiante para fazer a defesa do chute desferido à sua meta, abrindo espaços para que algum atleta se movimente por trás dele, no fundo da quadra);
3) chute alto – caracteriza-se pela ação do goleiro em chutar a bola alta em “voleio” ou “sem-pulo”, de sua área em direção à meta do goleiro que está atacando, visando faze-la entrar no gol antes que ele possa retornar à sua área de defesa – chute de longa distância efetuado quando o goleiro adversário sai para jogar com os pés no setor ofensivo.

7. SAÍDA DO GOL
A saída do gol é uma ação do goleiro para fechar o ângulo e impedir que o atacante consiga fazer o gol. Esse fundamento requer do goleiro atenção à alguns pontos importantes:
a) coragem para se jogar nos pés do adversário que esteja de posse da bola nas proximidades da área;
b) posicionamento para que sua investida tenha êxito;
c) tempo de bola para evitar surpresa no “bote” ou que os espaços não sejam fechados adequadamente na sua saída;
d) velocidade de reação para que o movimento “viso-motor” seja feito com precisão a ponto de impedir o gol em sua meta;
e) domínio da técnica e conhecimento prévio das características do adversário, evitando surpresas durante o jogo.
Além disso, a saída do goleiro de sua meta pode ser associada a três tipos básicos de deslocamentos, tais como:
a) saída com base – na saída com base, o goleiro procura diminuir o ângulo do adversário posicionando-se à sua frente com semi-flexão dos joelhos para frente ou para os lados, braços junto ao corpo e pernas juntas para fechar o chute baixo e médio do adversário, o tempo de bola possibilita uma defesa eficiente no chute alto;
a) saída no chão – nessa saída, o goleiro se joga em direção à bola nos pés dos adversários, podendo ser uma ação executada com os pés ou mãos, contudo, o tempo de bola deverá ser preciso – o erro no movimento pode impossibilitar qualquer recuperação na jogada;
b) saída no alto – nessa saída da meta, o goleiro procura interceptar uma bola lançada na direção da sua área, podendo ele dividir socando-a ou mantendo-a sob seu controle – depende muito da leitura de jogo e do tempo de bola.

8. COBERTURA
O goleiro de futsal deverá estar atento e se colocar em posição privilegiada para orientar a defesa quanto ao melhor posicionamento e às necessárias coberturas. Para que suas coberturas sejam eficientes, o goleiro deverá estar atento às seguintes situações:
a) nunca ficar estático na sua meta quando há uma situação de ataque de sua equipe em direção da meta adversária;
b) conhecer as jogadas e movimentações adversárias;
c) na marcação pressão de sua equipe, sempre jogar mais adiantado;
d) estar concentrado no jogo para poder antever o próximo passo do adversário e assim, orientar nominalmente os colegas para levar vantagem nas bolas lançadas;
e) toda saída do gol em bola alta visando cobrir seus colegas, deverá o goleiro sempre avisá-los do seu movimento, para não ser surpreendido com uma bola atrasada.

CONCLUSÃO
Após esse compêndio delineando o desenvolvimento do “Aspecto Técnico” do treinamento do goleiro de futsal, concluímos que para o apuramento da técnica dessa atleta, é de estrema importância muito treinamento. O goleiro pode nascer com qualidades físicas e psicológicas para esse encargo, contudo, só o treinamento pode torná-lo um atleta de alta performance. Por outro lado, o treinamento para ser eficiente requer muita qualidade. A qualidade está inserida na capacidade individual do profissional responsável de saber “avaliar” o atleta para poder “prescrever” exercícios técnicos que o venham qualificá-lo. Para tanto, defendemos um treinamento físico-técnico, objetivando o aprimoramento técnico com o desenvolvimento da sua potencialidade física, imprescindível à alta performance.
O domínio do “Aspecto Avaliativo” é primordial para o início do trabalho a ser prescrito. O “Aspecto Físico e Técnico” do treinamento procede da primeira análise e está inserido nas características físicas e técnicas individuais de cada atleta. No âmbito tático, observamos o domínio do “Aspeto Tático” para o melhor aproveitamento de sua técnica e do “Aspecto Psicológico” para melhor controle dos processos estressores e motivacionais individual.
Assim, defendemos que o treinamento do goleiro de futsal não é apenas uma reprodução pragmática de exercícios reproduzidos, mas, um domínio de vários fatores que se inserem no aumento da performance. Saber o que fazer; saber por quê fazer; saber como fazer; saber para que fazer determinados exercícios físicos-técnicos é o prenúncio de uma preparação eficiente e de grandes resultados.

 Prof. Elenilton Picoli
Especialista em Preparação Física
Preparador Físico da equipe UCS/MULTISUL

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